segunda-feira, 22 de junho de 2020

Exposição 05 - Copa de 58, Cobertores Parahyba e Festival de MPB da Record


No 5º episódio, a aluna de Rádio e TV da FAAP, Letícia de Freitas, relata a conversa que manteve com Marcos, de 71 anos. 



Nascido em Atibaia, Marcos começou a ouvir rádio bem pequeno e até hoje lembra do radinho de pilha que tinha na sala de jantar, do modelo “spica”, que levava alegria durante a noite para a família. 

Dos 16 anos para frente, porém, me disse que a memoria é mais “fresca”, gostava de ouvir a Rádio Eldorado, 700 no AM, com programas de notícias e música popular brasileira, que eram seus programas favoritos.
Outra coisa que me disse que ouvia bastante eram as propagandas da época, e até se arriscou em cantar uma delas para mim. “Já é hora de dormir, não espere mamãe mandar. Um bom sonho para você e um alegre despertar. Cobertores Pharaiba”, outra que também marcou bastante sua infância foi “Tosse, bronquite e rouquidão, Xarope São João”.

Ilustração de Mario Fanucchi para a TV Tupi no início dos anos 1950

De todas as horas usadas para ouvir ao rádio, ele me disse que o momento mais emocionante dessa história de parceria entre os dois, foi a Copa de 1958, que aconteceu na Suécia, e que, apesar de não ter um jogo em específico que acione a memória, lembra exatamente a sensação aumentar o volume, toda vez que ouvia um gol. 
Hoje em dia, apesar de mais idade, Marcos ainda é daqueles idosos que gosta de sair nos finais de semana, ele e a esposa Beth, são conhecidos no bairro como o casal que quase nunca está em casa nos finais de semana. Os dois estão sempre em algum show de música ou em um restaurante da cidade. Mas, como dois amantes do rádio, ele me disse que os dois gostam de ouvir a seleção de músicas da Jovem Pan, no caminho de volta para casa. E, já que eu mencionei sua esposa, Marcos me disse que apesar de não ter tido contato com nenhuma figura do rádio, a Beth era ate que conhecida no ramo, e já teve contato com Gilberto Gil e Edu Lobo, no Festival Popular da Música Brasileira, no teatro Record, em 1967.  
Ainda hoje a relação entre Marcos e o rádio continua, ele ainda ouve muita música e gosta de acompanhar as notícias, mas ate do que pela televisão. Ainda divide os momentos com a família e com a esposa, e disse que, o objetivo agora, e tentar fazer com que os netos se apaixonem pelo menos um pouco pelo objeto que o acompanhou em vários momentos de sua vida.

Acompanhe também a versão publicada no Podcast Peças Raras (no player abaixo ou em aplicativos como Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts, Castbox e outros), adaptada para o áudio:

domingo, 7 de junho de 2020

Exposição 4 - Luma Cesar entrevista o pai: Cesar Filho




Mais uma história em exposição no Museu Virtual do Rádio e da TV. Desta vez, um relato repleto de emoção na conversa entre filha e pai. Acompanhe a entrevista de Luma Cesar, aluna de Publicidade e Propaganda da FAAP, com o pai.

Cesar Filho fala de suas referências e revela que, quando criança o rádio era o destaque na casa dele. Foi por meio de um rádio de pilha que tomou contato com suas primeiras referências: Osmar Santos, Hélio Ribeiro e as rádios musicais em AM de São Paulo: Difusora e Excelsior.
Além de trechos desses prefixos e profissionais, no final, uma mensagem do Dia do Rádio interpretada pelo próprio Cesar Filho (com colaboração de Celso Casemiro, do Memorial Hélio Ribeiro). O comunicador dá voz à letra de Michael Sulivan e Paulo Massadas, que ficou conhecida na voz de Tim Maia e originalmente foi feita para a Bandeirantes FM (atual Band FM), como tema de fim de ano: Leva.

Abaixo, duas fotos enviadas pelo próprio Cesar Filho, no estúdio da Band FM.




terça-feira, 2 de junho de 2020

Exposição 03 - Dona Izabel: radiovizinho, música e início da ditadura





Por Amanda Thomaz – aluna de Rádio e TV/FAAP

Dona Izabel é a nossa convidada de hoje. Vamos começar voltando lá atrás, quando iniciou sua relação com o rádio. Bom, sua primeira  infância  não  foi das mais privilegiadas e a única forma de seus pais terem alguma informação era  pelos  rádios  de  seus  vizinhos. Eles aumentavam o som para que a vizinhança conseguisse  ouvir  as  músicas  e  as  notícias  que  eram  transmitidas por aquele meio.

Na sua juventude,  ainda  pobre,  continuava  consumindo  rádio  pelos vizinhos  que  tinham  um  pouco  mais  de  dinheiro  e  conseguiam  comprar  o aparelho.

Izabel   começou   a   trabalhar   cedo,   aos   13   anos,   iniciou   como doméstica,  e  nas  casas  de  seus  patrões  ouvia  rádio  enquanto  trabalhava  e cozinhava  para  eles.  Ela  amava  cantarolar  durante o trabalho,  e  segundo ela,  não  fazia  feio  no  serviço.  Sempre  que  podia,  sintonizava  no  canal onde tocava música, desse jeito sentia que o tempo passava mais rápido e se divertia fazendo suas tarefas domésticas.

Nessa  época  que  começou  a  trabalhar,  conheceu  Sr.  Luiz  Carlos, quando iam nos cultos de sua igreja. Namoraram por três anos e se casaram. Logo que começaram a melhorar um pouco de vida, Sr. Luiz comprou um rádio de pilha para a casa deles, e o deixava com Dona Izabel enquanto ia trabalhar. O que a jovem mais consumia era certamente música, pois passava o dia em casa  arrumando  o  pequeno  cômodo  onde  moravam  enquanto  o  marido  não chegava do trabalho.

Em  1963  tiveram  sua  primeira  filha,  Rosemary,  e  como  a  maioria  das mulheres  daquela  época,  ficava  em  casa  cuidando  de  sua  filha  enquanto  o marido ia trabalhar. Dona Izabel relatou que seu grande companheiro naquela época foi o rádio, pois passava o dia todo sozinha cuidando da casa e de sua recém-nascida. Naquela época estavam ocorrendo muitos movimentos políticos e foi pelo rádio que ela escutou que a ditadura havia estourado.

Em sua descrição sobre esse acontecimento,   contou   que   ao   ouvir   a   notícia   ficou   extremamente assustada,   que   seu   marido   estava   fora   de   casa   e   que   seus   vizinhos esvaziaram  a  rua  imediatamente  após  a  notícia.  Percebi  que,  ao  contar  esse fato,  sua  respiração  ficou  ofegante  e  ansiosa,  como  se  tivesse  revivendo aquele momento.

Hoje em dia, Dona Izabel acha que consome mais TV do que rádio. Seu contato  com  o  rádio  se    mais  quando  entra  no  táxi  para  ir  ao  mercado  ou quando vai passear com seus filhos e netos, apesar de dizer sentir falta de ligar o rádio e cantar junto com ele como antigamente.

Bom  galera,  o  Museu  Virtual  do  Rádio  me  ensinou  muito  como  as relações  com  o  rádio  mudaram  daquela  época  pra  cá.  Era  pelo  rádio  que grandes  acontecimentos  eram  noticiados  e  como  a  relação  com  eles  era  bem mais  próxima  da  que  temos  hoje. 

Agora  com  a  chegada  de  podcasts,  espero que  tenhamos  uma  relação  mais  estreita  com  o  áudio,  voltando  a  adaptar nossos ouvidos.